quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Crítica: A Vida dos Outros (2006)


"A vida dos outros" é um filme alemão de 2006, escrito e dirigido por Florian Henckel von Donnersmarck. Ganhou Oscar como melhor filme estrangeiro e foi indicado ao globo de ouro.

A obra é sem sombra de dúvidas sublime. Possuí um teor político forte e uma visão poética dos acontecimentos que permeiam a casa do dramaturgo George Dreyman. A Alemanha Oriental totalmente controlada pela Stasi ("Ministério para a Segurança do Estado") é um local onde o medo e repressão convivem juntos. Seus cidadãos são monitorados constantemente por seus "líderes" e um espírito politico que prega igualdade a todos acaba calando a liberdade de expressão e o livre arbítrio. 




Logo de início é mostrado um Gerd Wiesler implacável e cruel, convicto na sua crença em uma Alemanha socialista, típico militar cego e obediente, que segue á risca as ordens de seus superiores. Encarregado de espionar George Dreyman, que aparentemente não oferece nenhum perigo ao governo, acaba se envolvendo e questionando suas próprias ideologias. O divisor de águas acontece quando o espião descobre que o Ministro Bruno Hempf está chantageando a atriz Christa-Maria e esposa de Dreyman. Esse fato acaba mostrando-lhe uma falha na política tão admirada por ele, é ali que certas dúvidas encobre sua fé cega. Gerd é advertido por seu superior (Anton Grubitz ) a não revelar no relatório de espionagem o envolvimento do ministro com a atriz. Anton não se preocupa com nada além de dinheiro e poder, diferente de seu subordinado está disposto a qualquer coisa para chegar o mais alto possível,não se importando quem sofrerá ou que tipo de pensamento terá que seguir. 

Wiesler começa a compreender que diante de si está um sistema falho, onde as pessoas estão procurando meios de satisfação egoístas. Sua crença é julgada e ele percebe que o dramaturgo (seu espionado) na verdade está lutando por um motivo nobre, arriscando sua liberdade para fazer justiça,pelo bem comum, diferentemente de seus líderes. 

O filme consegue conquistar sua atenção nos primeiros minutos, e mantém o interesse durante toda a película. 
A trilha sonora é leve, simbolista e traz a sensação que estamos dentro de um teatro, analogia à profissão de Dreyman que escreve peças teatrais. Todas as atuações estão memoráveis, mas Gerd Wiesler (Ulrich Mühe) se sobressai, seu personagem é muito complexo e ele consegue manter essa característica viva em todas as cenas.

"A vida dos outros" é uma obra completa, com uma visão histórica fiel e convicções distintas.É uma verdadeira poesia, mas diferente das habituais, concentra em si um história não explícita que vai te arrastando despercebidamente para uma visão central sincera e bela. É com a vida dos outros que aprendemos a questionar nossos valores, e entender que aquilo que acreditamos é a nossa própria verdade e não necessariamente a realidade. Para ser mais direto é deixando-nos envolver pelo próximo que não só compreendemos seu mundo, como também evoluímos essencialmente.


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