Análises Filosóficas

Análise Filosófica: Analítica do Belo segundo Immanuel Kant




1 – Primeiro momento do juízo de gosto, segundo a qualidade.

O belo para Kant não era algo que pudesse ser definido através de conhecimentos objetivos ou por alguma técnica, ele tinha ligação direta com as sensações que despertava no indivíduo. O sentimento de prazer ou desprazer causado pelo objeto trazia a noção do que era belo ao particular. O juízo de gosto, ou seja, o conceito de gosto não é lógico e sim estético e por isso subjetivo. Não se pode designar uma definição para a beleza, ela é composta por atributos que tocam seu observador de forma restrita. Para findar seu pensamento Kant afirma que para exercer o juízo que define se algo é belo ou não é fundamental está indiferente ao sentido prático da coisa julgada, esse julgamento precisa ser inspirado na apreciação despretensiosa e seguindo o instinto.
O juízo de gosto desperta a complacência, que é uma compreensão de satisfação. A complacência que determina o juízo de gosto é independente de todo o interesse, ou seja, não se pode ter estima por algo na existência da coisa, quando se questiona se ela é bela ou não. O julgamento precisa estar palpável apenas na simples contemplação (intuição ou reflexão). Por outro lado a complacência no agradável é estritamente ligada ao interesse. Agradável é aquilo que traz prazer, a sensação de deleite e satisfação pessoal. Kant dá um exemplo bem esclarecedor sobre a complacência no agradável:
“A cor verde dos prados pertence à sensação objetiva, como percepção de um objeto sentido; o seu agrado, porém pertence à sensação subjetiva, pela qual nenhum objeto é representado: isto é, ao sentimento pelo qual o objeto é considerado como objeto da complacência.”
A complacência no agradável define as sensações que o indivíduo tem ao observar a cor verde, o que é estritamente pessoal, pois a mesma coisa pode não despertar nenhum deleite para o outro. Sendo assim quando questionado sobre um objeto de cor verde, a opinião dada por alguém que se agrada da coloração estará expressando seu interesse sobre o objeto de modo pessoal, sendo assim, estimulada pelo sentimento que a cor causa. Infere-se então que o agradável está ligado àquilo que nos causa satisfação.
Há também a complacência no bom, que da mesma forma se liga ao interesse.

 “Bom é o que apraz mediante a razão pelo simples conceito.” (KANT, 1995, p. 52). 

Existe o bom útil e o que é bom em si. O útil é algo que agrada como meio e o bom em si agrada por ser o que é. O bom também se distingue do agradável, o primeiro é moldado pelo conceito enquanto segundo é movido pelas sensações. Algo pode ser bom em si, mas não agradável, como por exemplo: as verduras para algumas crianças. Apesar de trazer o conceito de que faz bem à saúde (necessariamente é bom), não traz boas sensações para quem desestima. O bom tem sua complacência na existência do objeto, a essência da coisa, o agradável tem complacência nas sensações que o objeto traz. Ambas estão ligadas ao interesse.
A complacência no belo ou juízo de gosto é diferente de todas as outras, é meramente contemplativa, é desinteressada e julga através do prazer ou desprazer. Não há um interesse de utilidade, ou a sensação de agrado, o agradável e o bom podem ser ludibriado, quando, por exemplo, alguém está com fome e serve-se do primeiro prato que vê na frente. A comida pode não ser apetitosa (sensação de prazer) e ser muito calórica (não ser boa em si). Deste modo ambas se diferem do juízo de gosto que não é fundado em conhecimento ou finalidade.Kant define as três complacências do seguinte modo:
Agradável chama-se para alguém aquilo que o deleitabelo, aquilo que meramente o aprazbom, aquilo que é estimado, aprovado, isto é, onde é posto por ele um valor objetivo”.
Um exemplo que define bem o juízo do gosto é a reação de um bebê a um objeto ou a algo que se encontra no seu campo de visão. Quando alguém sorri para um bebê pode receber duas reações como resposta – um sorriso ou o choro. A criança não tem discernimento para julgar o gesto recebido, se aquilo a apraz ela responde da forma que lhe convém. É a complacência do belo, desinteressada, se manifestando.

2 – Segundo momento do juízo de gosto, a saber, sua quantidade.

“O belo é o que é representado sem conceitos como objeto de uma complacência universal.” (KANT, 1995, p. 56)

Se algo é belo e não tem definições para isso é consequentemente universal. Diferente das outras complacências, o juízo do belo que se faz pelo prazer ou desprazer não é algo que pertence a um e sim a todos. Quando alguém afirma: “O pôr do sol é lindo!”. Está sendo complacente com o belo e não há discordância sobre isto. Ninguém vai afirmar o contrário, o máximo que pode acontecer é outrem dizer que prefere o nascer do sol a pôr do sol, exercendo assim o julgamento daquilo que mais lhe agrada (complacência no agradável). Tal afirmação não anula a alegação anterior que é universal, não existe conceito para explicar por que é belo, ele simplesmente é. O juízo do belo, por ser subjetivo, apenas desperta o prazer por algo, já a intensidade que aquilo nos toca depende inteiramente das sensações agradáveis (complacência no agradável) e de como o objeto é estimado por nós (complacência no bom).
3 – Terceiro momento do juízo de gosto, segundo a relação dos fins que nele é considerada.

Para algo ter uma finalidade é preciso ter um propósito e propósito exige conceito. Sendo assim, o juízo do belo não tem finalidade, pois não tem conceito - é universal. Contudo existe uma conformidade a fins subjetiva, pela qual, o objeto nos é dado, e quando temos consciência disso cria-se uma complacência que julgamos como comunicável universalmente, tornando-se a base determinante do juízo do gosto. Isso mostra que existe um fim particular, que é dado para cada indivíduo e a percepção disto é universal, isto é, mesmo não tendo conceito para definir a complacência do belo, há uma finalidade subjetiva que é visível a todos. Nossa razão é voltada à organização, legalidade e harmonia e quando estamos diante do belo, nossas considerações estão fora do âmbito desta razão, sendo assim, um emaranhado de observações sem conceitos. A conformidade a fins serve justamente para organizar essas noções colocando-as no plano racional.
Kant menciona o Juízo de gosto puro que ele considera como o jogo das faculdades de imaginação e entendimento em um jogo harmonioso. É a simples junção da relação particular sentida pelo indivíduo com sua capacidade de julgamento. Segundo Kant o juízo de gosto puro é independente de atrativo e comoção, ou seja, é um gosto restritamente estético. Para ser puro o juízo de gosto não pode ter nenhuma complacência meramente empírica (meramente prática) misturada ao seu fundamento de determinação. Quando se contempla o belo e um conjunto de sensações harmoniosas brotam dentro do íntimo do observador, e tais sensações não são capazes de definir o objeto observado dar-se o nome de juízo de gosto puro. É uma relação íntima, imaginativa consciente, universal e estética.

4 - Quarto momento do juízo de gosto: segundo a modalidade da complacência no objeto.

Se algo é belo para todos, existe uma regra que define esta complacência, mas se há tal regra o quesito em questão pode ser conceituado e assim deixa de ser subjetivo. Existe um princípio que rege a concordância sobre a beleza de algo, esse princípio tem sentido comum e é totalmente privado.

“Mas, como necessidade que é pensada em um juízo estético, ela só pode ser denominada exemplar, isto é, uma necessidade do assentamento de todos a um juízo que é considerado como exemplo de uma regra universal que não se pode indicar.” (KANT, 1995, p. 82)

Há uma concordância comum a todos que define a beleza, mas não se pode explicar ou definir essa concordância. Existe essa noção universal, que é norma para qualquer um, porém é um princípio subjetivo.

Considerações finais

O belo não tem conceito, não pode ser definido e é pessoal, é aquilo que toca o indivíduo de maneira particular, sendo assim, diferente para cada situação. Para julgar é preciso estar abnegado de qualquer interesse específico e analisar os sentidos gerados na observação daquilo que se considera belo. Com isso entende-se que mesmo sendo uma experiência individual há uma conformidade universal, ainda que sem regras e explicações é a causa da complacência experimentada por todos. A imaginação é a sensação dominante, ela leva a partícula pessoal de cada ser para diversos lugares,e é essa harmonia de sensações que Kant cita, é um campo livre em que se pode definir o que sente sem definir o objeto em si. O estético tem vínculo inerente ao sentimento de prazer e desprazer que objeto nos causa, isto explica o estado de ânimo, formado pela imaginação e o entendimento, que tem ligação direta com o que consideramos belo.

“Belo é o que é conhecido sem conceito como objeto de uma complacência necessária” (KANT, 1995, p. 86)

Análise Filosófica: Fedro (Platão)




             


                                       Amor, Beleza e Verdade na Filosofia Platônica

"Fedro" é uma das mais sublimes obras platônicas. Platão escreveu "oficialmente" vinte e sete diálogos, entre os quais se destacam quatro : Banquete, Fédon, Fedro e A República. Cabe-se necessário salientar que essas quatro obras são as mais populares, não menosprezando o alto teor de importância das demais.
 "Fedro" é intitulado como o diálogo que expõe as considerações de Platão sobre a retórica e o amor. A retórica é a arte de falar bem, de convencer o público, é o ato de embelezar o discurso a fim de ser mais convincente. Com o passar do tempo a retórica acabou se tornando sinônimo de "palavras vazias", perdeu-se a preocupação em informar a verdade e muitos oradores usavam-na apenas como forma persuasiva. O amor que se refere o diálogo ficou conhecido como "amor platônico", popularmente conhecido por ser um sentimento ilusório e fantasioso. Contudo veremos que a definição citada anteriormente está equivocada, Platão distingue o amor (amor platônico) da paixão dando significados antagônicos para os mesmos, enquanto o primeiro é divino o segundo se deleita na consumação dos prazeres.

A obra também merece reconhecimento por suas pequenas impressões ocultas na conversação de seus protagonistas. Tais impressões revelam aspectos de suas personalidades, trazendo para o leitor uma visão além do que o texto deseja informar. Sente-se o estado de espírito de cada personagem, e é criado um pré-conceito sobre suas reais intenções.

Sócatres e Fedro encontram-se numa rua de Atenas

O diálogo começa com o encontro de Fedro e Sócrates. No início da conversação entre os dois, tira-se algumas conclusões que acabam tornando a leitura mais dinâmica expressiva. Fedro é supostamente mais jovem que Sócrates e sua alma está transbordando de sede pelo saber. Sua juventude parece ser exposta na falta de discernimento do rapaz, Fedro se encanta por qualquer discurso, e não tem a capacidade de distinguir conhecimento verdadeiro de retórica vazia. Sócrates apresenta-se como um velho irônico e conhecedor das limitações de Fedro,apaixonado por discursos, vê neles uma oportunidade de testar seus conhecimentos e abrir as mentes mais confusas, por isso acaba se entregando ao ávido desejo de Fedro de expor tudo o que ouviu de Lísias. Mestre de retórica e um grande discursador, Lisías, é admirado por Fedro e desprezado por Sócrates, todo o diálogo se baseia nessa relação de amor e repulsa. É notável também a veneração o jovem rapaz por Sócrates e seu desejo de aprender e testar os conhecimentos do velho filósofo se mantém na maior parte da obra. A personalidade de Fedro é tecida por suas perguntas e afirmações, isso pode ser visto na seguinte citação:

“ Fedro – Parece que nem de propósito vim sem sandálias,quanto a ti, já é de costume andares descalço, como toda a gente sabe.”

Nesse trecho é perceptível o desprendimento de Sócrates da vida material, andar descalço simboliza sua humildade em relação aos questionamentos da vida e sua real posição de eterno aprendiz. Fedro logo no início da comunicação faz questão de salientar que não está descalço de propósito, numa tentativa frustrada de mostrar que não estava copiando o filósofo. Esse gesto acaba por revelar a busca da autoafirmação do rapaz e seu culto a Sócrates.

O discurso de Lísias

Após encontrar um lugar tranquilo fora da Polis, Fedro relata o discurso de Lísias para o tão ansioso Sócrates. Na opinião de Lísias os amantes são movidos por um desejo desenfreado e após saciar esse desejo arrependem-se, enquanto aqueles que não amam não têm motivos para se arrepender do bem que fazem, pois não foi a paixão que os motivaram e sim o simples desejo de fazê-lo. Os apaixonados acabam por criar uma pseudo personalidade para atrair seus amados, tornando-se agradáveis aos olhos, julgam-se os melhores amigos dos seus amados e suportam todos os tipos de aflições para provar isso, mas na primeira oportunidade se entregam a outro alvo, fazendo por este muito mais que fizeram por aquele,e ainda por cima, se o novo assim desejar, acaba prejudicando o anterior. Para os apaixonados todos oferecem risco, são formados por inseguranças e por causa delas afastam seus desígnios de tudo aquilo que pode oferecer perigo, como por exemplo : alguém mais rico, mais jovem, mais inteligente ou mais bonito. Em contra partida os que não são afetados pela paixão são conscientes de suas qualidades e preferem que seus amados tenham convívio com outras pessoas, na finalidade de se conquistar boas amizades. Os amantes movidos pela libidinagem acabam por preferir o corpo ao caráter, concluí-se assim que depois de satisfeitos esses desejos, seja duvidoso o interesse dos mesmos em manter alguma relação. Enquanto aqueles que a paixão não toca se aproximam por intenções concretas e após iniciado uma boa amizade e satisfeitas as vontades continuam em uma relação sólida e consciente.

“Queres te tornar cada vez mais virtuoso, confia em ti e não na pessoa que te ama, pois o que ama louvará sempre as tuas palavras e teus atos sem se preocupar com a verdade e com o bem, de medo de te perder ou pela simples cegueira que é própria da paixão. São estas as ilusões do amor.”
Lísias encerra o discurso afirmando que o homem deve prestar favores àqueles que não são seus amantes, pois é deles que virá a retribuição. Deixar-se dominar por um sentimento egoísta, desenfreado e inconsequente é perigoso e danoso. O que ama sem se entregar aos deleites da paixão está livre de tais males.


Crítica de Sócrates

Sócrates não se impressiona com o discurso, e na sua concepção o seu autor apenas ecoou conhecimentos tão antigos que não se pode descobrir o autor. Lísias, no desejo desesperado de ser entendido e admirado, embeleza suas próprias palavras e as repete desnecessariamente. Desse modo fica expresso o desprezo de Sócrates pelo orador, que nada mais é que um teórico sem conhecimento real do assunto que articula.

O primeiro discurso de Sócrates

O primeiro discurso de Sócrates nada mais é que uma versão mais elaborada e consciente do discurso de Lísias. Persuadido por Fedro a dar sua opinião, o filósofo acaba metendo os pés pelas mãos e reforçando a teoria do seu “inimigo”. O discurso é iniciado com uma avaliação provocativa e reveladora: Sócrates deixa implícito que Lísias por estar apaixonado pelo jovem rapaz, que tinha inúmeros admiradores, decidiu convencê-lo que não o amava como os outros e que se deveria dar favores aos não amados.
“Eis, caro rapaz, o que é necessário ter em mente; devem saber que o amor de um homem apaixonado não provém de um sentimento benévolo, mas, como o apetite ao comer, da necessidade de satisfazê-lo. Como o lobo ama o cordeiro, ama o apaixonado o seu amado”.
Desse modo Sócrates não só afirma todas as observações do rival como afirma que o mesmo estava com segundas intenções ao fazê-lo. Essa parte da obra é marcada com a hipocrisia do filósofo que tentando abrir os olhos de Fedro acaba por fazer o mesmo que Lísias: um discurso para fins pessoais e não voltado para o verdadeiro conhecimento.

A voz demoníaca

Percebendo suas falhas, Sócrates diz ser tomado por uma força intitulada “daimónion” que o impede de fazer suas vontades. “O demônio” é a voz da razão, a consciência, a verdadeira sabedoria. Sócrates compreende que agiu de uma forma egoísta e acabou “pecando” contra Eros (deus do amor) quando afirmou que o amor não era benévolo. “Ora, se Eros é, como de fato é um deus ou um ser divino, não poderá ser mau”. Movido pela culpa e o medo de ser penitenciado o filósofo resolve expor outro discurso e sugere que Lísias faça o mesmo. Creio eu que a definição de “demônio” por algo supostamente bom (a consciência e o arrependimento) venha do modo como o mesmo enxerga a própria razão. Apesar de ser movida por boas intenções ela acaba enaltecendo as habilidades de Sócrates. Cobrar que Lísias elabore um novo discurso é finalmente vencê-lo da forma mais cruel possível.


O segundo discurso de Sócrates

“... o amor foi enviado ao amante e ao amado, não pela sua utilidade material, mas, ao contrário – e é o que mostraremos – , esse delírio lhes foi incutido pelos deuses para sua felicidade. Essa prova suscitará o desdém dos maus, mas persuadirá os sábios.”

É nessa extensa parte da obra que conhecemos considerações extraordinárias expostas por Platão. O discurso de Sócrates não se limita apenas em corrigir o erro fazendo valer a importância do amor e sua beleza, mas vai além ao criar definições inéditas sobre a alma.
Na visão platônica a alma do homem é simbolicamente representada por um cocheiro sobre um carro alado. O carro é guiado por dois cavalos, um é de boa raça e o outro é de uma raça ruim e rebelde. Esses dois cavalos representam a dualidade existente dentro de nós, são forças opostas, mas complementares. As asas do carro se alimentam do que é bom e ruim, quando se alimentam do bem as asas permanecem forte e guia o carro para o alto, quando se alimentam do mal ficam pesadas e se afastam das coisas divinas. O cocheiro é a razão que tenta conciliar os dois distintos mundos representados pelos cavalos. Nossa alma já conheceu a verdade e deslumbrou a beleza em sua essência no céu descrito por Platão. Por ter experimentado essas maravilhas eternas, acabamos por ficar insatisfeitos no nosso mundo e queremos desfrutar novamente das verdades divinas. Contudo muitas almas, algumas com mais intensidade, outras menos, ficam com uma lembrança de tudo aquilo que viu e viveu no habitat dos Deuses, dessa forma quando ela se depara com algo que evoca o lugar original acaba se sentindo completa e realizada. Platão (através de Sócrates) então explica que cada pessoa encontra no ser amado justamente essa nolstagia de sentimentos divinos. Concluindo dessa forma que o amor dos apaixonados nada mais é que o delírio dos deuses, o sentimento gerado pelas lembranças do ambiente celeste. Por este motivo aqueles que são tocados pela paixão se entregam de uma maneira tão intensa aos que amam, esquecendo a razão,os familiares, o trabalho, e todos os outros sentidos e complementos da vida. Ao sentir novamente o que só sentiu em seu estado original a alma abandona suas convicções e se entrega aos deleites dos delírios dos deuses.

Considerações sobre a retórica

“Sócrates – Refiro-me ao discurso conscienciosamente escrito com a ciência da alma,ao discurso que é capaz de defender a si mesmo e que sabe diante de quem convém falar e diante de quem é preferível ficar calado.”
Completando todo o sentindo da obra, Platão descreve como se distingue a retórica sábia, da vazia, e como a arte do discurso se aplica em diferentes contextos. Mesmo que seja apenas convencer, o retórico precisa entender completamente o que fala, pois negligenciando o entendimento do conteúdo e colocando em moldes palavras vazias, não estará servindo ao propósito da verdade. A retórica verdadeira defende-se por si só, não precisa de repetições ou pleonasmos, por estar ciente do que transmite não só induz o ouvinte aos seus propósitos como transmite os valores divinos da sabedoria. Outro fato importante é saber a quem falar e o que falar afim de não gerar audientes confusos ou céticos. Palavras vazias não trazem frutos, apenas são entoadas gerando o eco da ignorância e do falso saber.

Considerações finais

“Fedro” é uma obra completa que navega nos oceanos do amor, da alma, do conhecimento, do orgulho e da busca eterna pelo saber. Trata-se de visões contrastivas, que tentam explicar o maior mistério da humanidade: O que é o amor? Com uma estrutura filosófica e até mesmo religiosa, o diálogo é baseado em considerações e observações e mesmo se palpando no abstrato produz resultados tangíveis e descobertas apaixonantes.

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