quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Crítica: Acossado (1960)


Acossado (À bout de souffle) de Jean-Luc Godard é um marco no cinema mundial, com uma nova proposta para o cinema, o filme rompe com padrões clássicos e oferece novos ângulos para uma boa produção cinematográfica. Exibido em 1960 em uma época onde os filmes mantinham sempre o mesmo modelo e onde apenas o roteiro fazia diferença, Acossado traz um história simples e não muito arrojada, mas que se torna uma obra de arte pelo impacto.
Com ângulos de filmagens incomuns, cortes abruptos e uma fotografia impressionante, tudo parece caminhar com os personagens. A sensação que se tem é que você está assistindo um filme atual, mas com uma tecnologia propositalmente feita à la anos 60. Seu roteiro abre alas para a improvisação, conforme o próprio diretor cada cena era feita de acordo com algumas anotações feitas pelo mesmo, sem um texto completo para levar à risca, os atores tinham a plena liberdade de criação. Isso foi um choque para as produções da época onde tudo era minuciosamente elaborado. Acossado é dinâmico, há enquadramentos nas ruas, em shoppings, carros, na cama, sente-se a vida prosseguindo, a câmera segue o ator. Um verdadeiro espetáculo para os olhos.
A cena mais impressionante se revela no início da obra, quando o personagem Michael Poiccard (Jean-Paul Belmondo) conversa com a câmera, um marco para o tempo e copiado até hoje. Não posso deixar de mencionar, também, o diálogo que acontece durante um passeio de carro entre Michael e a estonteante Patricia Franchisi (Jean Seberg) nessa parte em particular acontece algo simples e inovador – enquanto o diálogo dos dois é construído de uma forma contínua, as ruas vão mudando, com cortes rápidos, dando a sensação de um grande espaço de tempo.A forma de mostrar o exterior da perspectiva do personagem é memorável.
A linda jovem buscando sua independência rouba a cena diversas vezes, na verdade, essa história apesar de ter o enfoco no personagem masculino é sem sombra de dúvidas voltada para a protagonista, a mocinha não tão mocinha assim. Patrícia representa a mulher dos anos 60 que trabalha, dirige, é independente e tem a plena consciência do seu poder. Apesar de amar Michael não vê nele segurança e isso é o ponto chave da trama (no sentindo emocional). Enquanto o rapaz faz de tudo para agradá-la, o que realmente funcionaria seria um belo anel de compromisso e uma vida estável. Essa seria a grande prova de amor.
Acossado não é uma obra para todos, e muitos podem achá-lo chato, frívolo e brega, porém quem perceber a grandeza e o que essa obra significou no tempo em que foi lançada vai se apaixonar pela ousadia de Jean-Luc Godard, que com pouco e distintamente conseguiu mudar a forma de fazer cinema no mundo.

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